sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A Guerra não é Espacial...mas se desdobra no ESPAÇO



Atualmente observamos de maneira cada vez mais acentuada uma planificação de gostos, tendências e desejos, esse processo atinge a ARQUITETURA, tanto como produto visual que representa certas tendências, quanto como profissão exercida por diferentes sujeitos com distintas funções ao longo da cadeia produtiva (expressão muito apropriada).

Como efeito de diversas causas o que se nota é a um desinteresse à particularidade, principalmente à espacial, que passa a se focar e se materializar apenas como FIGURAS UNIVERSAIS, que falam em nome de uma suposta verdade geral e multiculturalista, que nas entrelinhas nada mais é do que a espetacularização das formas e dos significados. 

Até pouco tempo sob o bastião da arquitetura moderna, podíamos nos convalescer das doenças mentais que nos afligiam: o autismo arquitetônico e a esquizofrenia urbana, através de belos discursos humanistas e intenções desenvolvimentistas que não resolviam no plano real as agruras sociais que afligiam a nossa mente (arquitetos/urbanistas) e barriga de outros milhões; mas agora... 

Vestimos a capa do CINISMO e dizemos a quem quiser ouvir: e daí? Fazemos sim, megaestruturas não-funcionais ao custo de milhões, baseamos sim nossa novíssimas estética à nova tecnologia que nos permite modelar no computador coisas antes impensáveis e automatizamos nossa produção, assim já não pensamos nos espaço, pensamos agora na PRODUÇÃO.

Esta cada dia mais especializada reafirma diariamente a divisão social do trabalho, sendo o trabalho braçal sempre o preterido, o marginalizado, enquanto o labor pensante recebe cada dia mais status e é mais mistificado. Dentro desse contexto, devemos dizer que arquitetura não é DESENHO, pelo menos não em sua integridade, ou pelo não devia ser.

Arquitetura é a intervenção LIVRE no espaço que com intuito de gerar conhecimento e sem o cerceamento de idéias possa se considerar novamente uma forma de expressão artística. Não sabemos que tipo de estética isso acarretaria, mas com certeza seria mais verdadeira do que a que o mercado com seus milhares tipos de revestimento idênticos, no impõe.

Dizemos impor porque a partir do momento em que certas tendências são expostas na televisão cotidianamente e defendidas como a mais legítima arquitetura essa idéia esta sendo vendida, e o pior está sendo comprada. O pior horror da profissão pode ser visto na televisão, quando ditos arquitetos fazem uma arquitetura sem clientes e baseada na reprodução de objetos elitizados, sob o disfarce de sustentabilidade e do trabalho social.


Assim o que observamos é a elitização da profissão, que passa a funcionar como uma forma de identificação da nossa sociedade com os valores de outras culturas, com outros climas, outras condições climáticas, outras condições sócio-econômicas. O resultado da arquitetura como artigo de luxo é a dispersão da profissão e dos profissionais que já encontram coerência na prática cotidiana da arquitetura, dentro das contradições inerentes a esse sistema, que são reafirmadas nesse contexto, uma vez que as necessidades reais são ignoradas a favor das novas necessidades construídas, que são atendidas através de fórmulas pré-estabelecidas e inertes, assim como insípidas e inodoras (não sabia que a arquitetura podia despertar tantos sentidos? Deve poder!).


Defendemos, portanto uma arquitetura mais CRÍTICA ou pelo menos mais pensante, menos pronta, mais maleável, pois apesar de nossos problemas serem de ordem econômica, política e social, eles se desdobram no espaço, portanto é justo pensar, que uma arquitetura mais justa e flexível pode contribuir, no sentido, de gerar um campo de BATALHA, para a luta principal.


Dessa forma acreditamos que é necessário associar a crítica à prática, de forma que ela conduza a uma prática modificadora e que não na mera verborragia teórica.





PENSAR sobre...


novas POSSIBILIDADES formais e expressivas

reformar a maneira de se viver junto...misturar o DENTRO e o FORA...criar espaços, abrir espaço, tirar pedaços...

buscar o diferente, uma ALTERNATIVA...através de uma construção coletiva...

Ampliar o acesso a arquitetura e à arte de forma experimental, em uma proposta na qual todos os espaços são pensados sem hierarquias e permitindo a interação das pessoas que vão vivenciá-los, não acreditamos em arquitetura sem pessoas, por isso não jogamos nossos clientes pela janela, acreditamos na interação contínua, na construção diária de um cotidiano menos opressor e mais inventivo.



proposta/movimento de intervenção nos espaços baseada na ampliação do acesso à arte/arquitetura. Conceito fundamentado na articulação de técnicas e materiais alternativos,reaproveitamento, reciclagem, interatividade e participação conjunta na transformação dos ambientes.


Esta apresentação não pretende mais que uma colocação de problemas e dúvidas...